25 fevereiro, 2009

O socialismo, o mercado e o BPP.


Enquanto nota prévia, devo esclarecer que não sou socialista e me faz alguma confusão como é que um governo socialista pode gerir uma economia de mercado, que por definição deve promover a livre iniciativa privada.

Uma vez feita a declaração de interesses cabe-me definir um princípio geral. A meu ver qualquer pessoa deve ter o direito de arriscar, de abrir um negócio de entrar num mercado e de lutar segundo as leis da concorrência, gerindo a sua actividade conforme entender. Obviamente que será responsável para o bem e para o mal. E ninguém pode estar à espera que em caso de má gestão, venha o estado assumir os prejuízos e nacionalizar a empresa.

Também não colhe, a meu ver, dizer que afinal falamos de banca. E este é um sector com características especiais. Não que isto seja falso, mas não podemos a partir daqui desresponsabilizar os gestores destas empresas, dando-lhes os lucros quando tudo corre bem, ou nacionalizando os prejuízos quando tudo corre mal.

Portanto a meu ver, ou vivemos numa economia de mercado e quando um banco tem prejuízos fecha ou é adquirido por outro, ou impedimos que haja bancos privados.

No caso do BPP, penso que assistimos a dois grandes erros. No final do último ano, o governo assumiu um aval ao Banco Pivado, e tentou salvar este banco. A meu ver foi algo errado, porque isto obrigou a que bancos que estavam preparados para a crise, por terem sido bem geridos passassem a concorrer com outro que deveria ter fechado as portas.

Porém a opção estava tomada, e embora discutida o estado português acabara de estabelecer um principio: quem tem contas nos bancos está sempre seguro, aconteça o que acontecer.

Não, afinal não. Vários meses se passaram, muitas suspeitas vieram ao de cima, e quando se esperava que o estado, socialista, viesse novamente segurar o banco privado. Pelo menos era o que os clientes do BPP esperavam. Eis que o estado vem dizer-nos, morra o BPP morra Pum!

A pergunta é, se era para deixar morrer, para os clientes ficarem sem os investimentos/depósitos, então porque é que os contribuintes avalisaram empréstimos ao BPP?

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